
Quase todas as gerações de consoles chegaram ao mercado com seus principais hardwares quase ao mesmo tempo, mas a quinta geração, com o Nintendo 64 e a sexta, com o Dreamcast, quebraram essa regra. Lançado cerca de um ano e meio depois de seus concorrentes, o Nintendo 64 chegou atrasado à quinta geração. Já o Dreamcast abriu a sexta geração, chegando quase dois anos antes do PlayStation 2, e ainda mais tempo antes do GameCube e Xbox.

O último console da Sega não apenas iniciou a nova era dos games, como também introduziu inovações revolucionárias. Na época, os consoles mais avançados eram o PlayStation e o Nintendo 64. Por isso, o salto tecnológico que o Dreamcast apresentou no final dos anos 90 surpreendeu os jogadores. Mas, se ele era tão bom, por que não fez sucesso?
O pioneirismo e suas inovações
Como primeiro console de uma nova geração, o Dreamcast teve a oportunidade de apresentar inovações antes de seus concorrentes, especialmente o PlayStation 2.
VMU (Visual Memory Unit)
Entre as inovações, o destaque fica para o icônico VMU. Este dispositivo era tanto um acessório à parte quanto uma parte essencial do console. Funcionando como o memory card, o VMU ia muito além de apenas salvar o progresso dos jogos.
Quando acoplado ao controle, ele servia como uma segunda tela, exibindo informações do jogo, como a barra de vida dos personagens em Resident Evil Code Veronica. Além disso, era possível usá-lo separadamente para jogar minigames, como em Sonic Adventure e Skies of Arcadia, e conseguir recompensas para usar no jogo principal.
Funcionalidades Online
O Dreamcast foi o primeiro console a vir de fábrica com um modem integrado. Isso não apenas permitia jogar online, mas também navegar na internet, de forma semelhante a um PC, graças ao seu próprio navegador e ao sistema operacional Windows CE.
Outras Inovações
Enquanto PCs e consoles da época usavam CDs, o Dreamcast inovou com o GD-ROM, uma mídia proprietária da Sega. Esta permitia armazenar 1.2 GB de dados, quase o dobro da capacidade de um CD convencional de 700 MB.
O console também contava com uma variedade de periféricos, como uma câmera para videochamadas (o Dreameye), um microfone, um adaptador VGA para conectar o console a um monitor de PC, uma vara de pesca para jogos específicos e suporte para teclado e mouse.
Os fatores que levaram ao fracasso do último console da Sega
O Dreamcast teve um bom lançamento mundial, impulsionado pela alta expectativa por um novo hardware. No entanto, sua trajetória foi curta. Diversos fatores contribuíram para seu fim, que culminou com a saída da Sega do mercado de consoles.
Reputação abalada e concorrência forte
A reputação da Sega já estava comprometida. Seus hardwares anteriores, como o Saturn e o 32X, tiveram vendas decepcionantes, causando prejuízos e gerando desconfiança nos consumidores. Além disso, o primeiro PlayStation dominou o mercado na segunda metade dos anos 90, e a Sony, sua principal rival, conquistava cada vez mais espaço.
Lançamento com poucos jogos de destaque
Apesar de ter sido lançado com Sonic Adventure, muitos consideram a biblioteca inicial do Dreamcast fraca. Mesmo com a chegada de títulos inovadores como Shenmue, que serviu como um divisor de águas e mostrou o que era um jogo de “nova geração”, isso não foi o suficiente. Estúdios third-party não investiram no console, e nem mesmo a exclusividade temporária de Resident Evil Code Veronica ajudou a reverter a situação.
A chegada dos rivais
O cenário ficou ainda mais difícil com a chegada do PlayStation 2, do Xbox e do GameCube, entre 2000 e 2001. A Sega se viu em uma situação delicada, pois os novos consoles chamaram muita atenção. O PS2, em particular, foi um sucesso instantâneo, com um catálogo de jogos atraente e a capacidade de ler DVDs, algo que o Dreamcast não fazia.
Os consumidores também estavam ansiosos para ver o que a Microsoft traria com seu primeiro console, o Xbox, e para conhecer a nova aposta da Nintendo, que finalmente abandonava os cartuchos para adotar os CDs com o GameCube. A falta de jogos de peso para o Dreamcast foi o golpe final, e em janeiro de 2001, a Sega anunciou que sairia do mercado de hardware.
O legado duradouro do Dreamcast
A saída da Sega do mercado de consoles foi um choque, mas abriu caminho para a hegemonia da Sony, Microsoft e Nintendo. Mesmo assim, o Dreamcast é amado por muitos e deixou um legado importante.
Democratização dos jogos online
O console da Sega foi fundamental para a popularização dos jogos online nos consoles, algo que antes era restrito aos PCs. A funcionalidade online do Dreamcast serviu de base e foi amplamente adotada pelos consoles que vieram depois, e que hoje é um padrão na indústria.
Poder gráfico e títulos icônicos
Com um hardware potente, o Dreamcast entregava experiências visuais impressionantes. Títulos como Skies of Arcadia, Metropolis Street Racer e SoulCalibur mostravam a capacidade do console de criar mundos e gráficos belíssimos. O salto de qualidade, ao sair de um PlayStation ou Nintendo 64 para o Dreamcast, foi algo mágico e inesquecível para quem o viveu.

O Dreamcast pode não ter vencido a batalha, mas seu legado de inovação e sua comunidade apaixonada o tornam um dos consoles mais importantes da história.
Você se lembra de ter jogado no Dreamcast ou teve um dos consoles daquela época? Qual é a sua principal lembrança?